A HISTÓRIA DOS MENONITAS NO MUNDO, BRASIL E NO BOQUEIRÃO

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que está posto, o qual é Jesus Cristo”. (Coríntios 3:11

Os Menonitas surgem no tempo da reforma protestante como um movimento alternativo com ênfase na simplicidade, vida em comunidade seguindo os princípios de Jesus como está no evangelho. Tudo começou em Zurique na Suiça em 1525 com seguidores do reformador Zwinglio, onde defendiam a separação da igreja do estado, e por isso foram perseguidos.

O movimento se espalhou pela Alemanha, Suíça e Holanda, onde recebeu a adesão de um sacerdote católico chamado Menno Simons. Ele se tornou líder e deu direcionamento a esse grupo que acabou recebendo a designação de “Menonitas”. Ele defendia que o único fundamento para a nossa vida deve ser Jesus Cristo! Coríntios 3:11 ” Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que está posto, o qual é Jesus Cristo”.

Em busca de lugares de tolerância para viver a sua fé, um grupo chegou na Ucrânia aproximadamente em 1790. Em 1910 eram 120 mil vivendo na Ucrânia e Rússia. Com a revolução que implantou o comunismo na Rússia eles vieram a perder todas as suas propriedades, escolas e igrejas que foram confiscadas no início de 1929. Em 25 de novembro desse ano aproximadamente 6000 Menonitas receberam a permissão para sair da antiga União Soviética; mas por causa da crise econômica de 1929, nenhum país estava disposto a recebê-los. Foram para a Alemanha por curto período até encontrarem um destino. Alguns conseguiram ir para o Canadá, mas os únicos países dispostos a recebê-los foram o Brasil e Paraguai.

O Brasil recebeu aproximadamente 1500 Menonitas. que começaram a chegar em fevereiro de 1930 até meados de 1931. Foram locadas no vale do rio Krauel, na região de Ibirama em Santa Catarina, região de Serras. Tiveram muitas dificuldades de se adaptar àquela situação e procuraram outras alternativas. E Curitiba foi o lugar escolhido pelo clima, região plana, própria para leiterias e agricultura. Inicialmente se estabeleceram nos bairros Pilarzinho; Bacacheri; e Guaíra e em seguida, após a venda de terrenos passaram a habitar a região do Boqueirão e Xaxim.

Em 1934 a Companhia Territorial do Boqueirão começou a lotear boa parte do bairro em chácaras, os Menonitas estavam entre os primeiros a adquiri-las. Foram 5 famílias, as primeiras a chegarem, entre eles o Sr. Franz Goossen. Em 1937 já eram mais 17 famílias, quando a parte do que é hoje o Alto Boqueirão, foi loteada em chácaras com outras 17 famílias. Algumas delas foram: David Koop e Abraham Winter. Neste ano parte do bairro Xaxim também foi loteado em chácaras com outras 20 famílias Menonitas, entre eles David Toews.

A PRIMEIRA ESCOLA CONSTRUÍDA

A primeira construção comunitária foi a escola, inaugurada em 28 de março de 1936, com 18 alunos, o Profº Henrique H. Lowen dirigia o ensino. Nos domingos servia como lugar de encontro para os cultos. Essa escola se tornou o que hoje é o Colégio Erasto Gaertner.

PRINCIPAL ATIVIDADE DOS MENONITAS NO BOQUEIRÃO

A atividade econômica principal eram as leiterias. Forneciam o leite para inúmeros consumidores do centro da cidade.

Em 1947 fundaram a Cooperativa de Consumo do Boqueirão e em 1959 a Cooperativa de Laticínios Curitiba Ltda, que fornecia os laticínios Clac.

Também tiveram outros empreendimentos como: as Casas Blumenau, Elma Chips, Floricultura Flor da Suissa, Empresas de ônibus Marlac, TransIsaak e Montana, Transportadora Cancela; Supermercados Jacomar, lojas Rudegon, Ausland e diversos outros.

PROETOS SOCIAIS

Também contribuíram com projetos sociais como a AMAS (Associação Menonita de Assistência Social), Lar Betesda – lar para 80 idosos, escolas (Colégio Erasto Gaertner, Faculdade Fidélis), na área social o Esporte Club Olímpico e várias igrejas servindo à comunidade.

E também o surgimento do Cemitério do Boqueirão, pois quando havia falecimentos o caminho até o cemitério mais próximo que seria o de Água Verde era muito distante, caminhos ruins para fazer um funeral com carroças. Então o Sr. Peter Siemens cedeu uma pequena parte do seu terreno para a igreja para os sepultamentos e aconteceu que teve que ceder toda a chácara, mas foi indenizado pela Prefeitura isso em 1970/71. O escritório do cemitério é a antiga residência do proprietário.

Pesquisa e referencias:

-Bibliografia: Mennoniten in Brasilien, Peter P. Klassen

-Abram Duck – Autobiogrphie. Abram Duck.

Relatos de familiares e pioneiros da comunidade: Peter Siemens, Victor Unger, Abram Duck, Jacob Siemens e inúmeros outros.

-Entrevista com colonos Menonitas, moradores e empresários do Boqueirão e Xaxim.

DEPOIMENTOS COM FOTOS:

“Meu avô Peter Siemens chegou no Boqueirão entre os anos de 1937/38. Eu faço parte da primeira geração dos Menonitas nascida no Brasil. Os Menonitas são profundamente agradecidos ao Brasil e ao povo brasileiro que os acolheu na condição de refugiados quando nenhum outro país os queria receber. Nós descendentes dos imigrantes escolhemos este país e temos orgulho de sermos Brasileiros, Curitibanos e Boqueirenses de coração”. Peter G. Siemens, Capelão Lar Betesda desde 1995.

“No ano de 1966, adquirimos uma mercearia, que ficava perto da nossa casa. Juntamos diversos produtos caseiros, como o macarrão feito pela Maria, azeite, pacotes de café, frutas e verduras para que pudessem ter o mínimo a oferecer para os clientes. Assim que surgiu o Armazém de Secos e Molhados, que recebeu o nome de Casa Holandesa de Jacob Pankratz Filho. Não demorou muito tempo para que o armazém precisasse de reformas para que os clientes pudessem ser atendidos com mais qualidade. Em 1976, com a ampliação do armazém, nasceu oficialmente o chamado por “Jacomar”. Eu pensei que eu sempre seria como meus pais, tirando leite e andando de carrocinha. Quando eu abri a mercearia e falei que não iria abrir domingo e nem vender bebida alcoólica, falaram que eu fecharia em 3 meses. Agora são mais de 54 anos e ainda não fechei.” – Jacob Pankratz é proprietário da Rede de Supermercados Jacomar

“A história dos Menonitas foi construída sob grande perseguição e sofrimento. Sem a ajuda e direção de Deus a sobrevivência se tornaria impossível. Após mais de noventa anos no Brasil, e desde o início da década de 1930 em Curitiba, somos gratos a Deus pela oportunidade de viver em um lugar tão abençoado. Nos sentimos constrangidos a amar e ser bênção a todos os que vivem em nosso redor. Queremos construir pontes de paz e harmonia com todos os povos. Queremos ser um povo e uma igreja cativante, que se importa com o próximo como a si mesmo”. João Rainer, Pastor da Igreja Menonitas do Boqueirão

“ Nasci em uma colônia Menonita no interior do Paraguay. Meus pais estudaram Teologia na Argentina, o que abriu muitas portas para a minha família. Meu pai foi convidado para lecionar em um Seminário Teológico em Curitiba e em 64, quando eu tinha apenas 5 anos, viemos para cá. Além de ser professor no seminário, meu pai atuou como diretor por 15 anos, estabelecendo nossa família na nova cidade.

Hoje sou diretor do Colégio Erasto Gaertner e temos como missão promover uma educação de qualidade, desde o ensino infantil até a pós graduação. Trabalhando com excelência queremos formar cidadãos com valores éticos e princípios Cristãos, preparados para a vida profissional, social, familiar e também para a vida eterna”. Hartmut August, diretor do Colégio Erasto Gaertner.

“Cresci e fui educado e evangelizado na colônia Menonita no Boqueirão. Foi no Colégio do Boqueirão, posteriormente Ginásio Erasto Gaertner e Colégio Erasto, que recebi a minha educação fundamental. Além do currículo normal brasileiro, tínhamos as aulas de Alemão e de Ensino Bíblico em alemão, três aulas por semana de cada destas matérias. Neste período, tornei-me discípulo de Jesus, convertendo-me a Ele aos 9 anos de idade e sendo batizado aos 12 anos, na Igreja Irmãos Menonitas. O Brasil é um país abençoado, país de oportunidades! Sou imensamente grato a Deus por Ele ter conduzido tudo desta forma sobrenatural, maravilhosa.” Francisco Gortz é pastor da Igreja Menonita Família Cristã há 19 anos no Xaxim

“Sou a filha mais nova do Sr. David e Maria Koop, imigrantes como tantos outros que vieram ao Brasil em 1930. Meus pais imigraram da Rússia para a Alemanha e de lá para Santa Catarina, Brasil. Éramos uma família grande de 4 irmãos e 6 irmãs. Meus pais como tantas outras famílias compraram terra e vacas. E este era o sustento deles. Meu pai era pastor Menonita. E aqui serviram ao Deus, que lhes tirou do comunismo de todo o coração. Tive o privilégio de trabalhar como professora durante 25 anos no Colégio Erasto Gaertner, onde nos ensinaram que somente Jesus é o único caminho para ter a vida eterna um dia. Esta fé nossos pais viveram realmente no dia a dia sendo assim exemplos para nós. A primeira igreja, hoje a capela do colégio é um importante marco também na minha vida. Lá eu fui batizada pela minha fé e também casei nesta igreja com meu esposo Ewald Fast em 1967”. Hilda Koop Fast, professora aposentad

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